4/21/2017

Estação Cocal

Ministério Público de SP abre dois inquéritos para investigar Paulo Vieira, ex-diretor da Dersa

Conhecido como Paulo Preto, investigado por suspeita de desvios no governo Serra escondeu o rosto e ficou irritado com equipe de reportagem.

Uma das investigações está ligada à construção do Rodoanel Mário Covas, na região metropolitana de São Paulo. Benedicto Júnior, ex-diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Odebrecht, disse que o contrato assinado em 2006 precisou ser renegociado.
Paulo Preto conduziu a negociação pelo lado do governo Serra. Na época ele era diretor da Dersa, a empresa encarregada de supervisionar e fiscalizar obras de transportes e logística no Estado de São Paulo. Segundo o delator, só nesse negócio Paulo Preto recolheu R$ 2,2 milhões . Ele é citado ainda em outros casos.
O delator e ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal disse que, em 2008, ainda no governo Serra, ficou sabendo de um falso modelo de concorrência pública nas obras do sistema viário de São Paulo, organizado por Paulo Preto.
O delator Luiz Eduardo Soares, outro ex-executivo da construtora, contou que Paulo Preto teve que devolver R$ 4 milhões para a Odebrecht em 2010 -- ano de campanha eleitoral à presidência. Serra foi candidato e perdeu. O dinheiro foi depositado no exterior.
Nas redes sociais, Paulo Preto se apresenta como um apaixonado por corridas. Faz até uma brincadeira, como se fosse o Iron Man, o homem de ferro. Já ganhou até um prêmio de melhor engenheiro do ano, dado pela Assembléia Legislativa do estado. Mas nos últimos anos, passou a evitar os holofotes.
Durante dois dias, a reportagem esteve em alguns endereços que aparecem ligados ao nome dele, mas ele não foi encontrado.
A reportagem também foi ao que seria o endereço de trabalho de Paulo Preto. No primeiro dia, o porteiro negou que o escritório dele funcionasse no 9º andar do prédio. No dia seguinte, a reportagem surpreendeu Paulo Preto chegando ao mesmo prédio. Ele trazia duas sacolas. E não quis responder às perguntas. Ele cobriu o rosto e chegou a se irritar com a equipe.

O Ministério Público de São Paulo já havia denunciado criminalmente duas vezes o engenheiro Paulo Vieira de Souza por crimes contra a administração pública. Ele também é investigado por suposto enriquecimento ilicíto. As informações da Lava Jato serão anexadas a essas investigações.
Em 2010 , o engenheiro ficou dois dias preso em uma delegacia, acusado de receptação de uma joia roubada de um shopping center. O advogado dele alegou que não existiam indícios suficientes para continuar a investigação. E o Tribunal de Justiça de São Paulo arquivou o caso.

O senador José Serra disse que as contas de suas campanhas sempre foram aprovadas pela justiça eleitoral e que Paulo Vieira Sousa nunca foi arrecadador das campanhas dele. Serra esclareceu ainda que jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas da Odebrecht e que nunca tomou medidas para favorecer a construtora. O senador está confiante que a investigação será útil para comprovar a lisura de sua conduta.