1/31/2019

Estação Cocal

Brasil tem 88 barragens do tipo 'a montante ou desconhecido', metade com alto potencial de dano, diz agência

ANM divulgou lista de barragens com dados de método de construção nesta quinta-feira; método 'a montante' era o usado na construção de barragens iguais às de Mariana e Brumadinho, e é considerado obsoleto e o menos seguro.


Por Darlan Alvarenga e Karina Trevizan, G1

Bombeiro observa a lama que tomou conta do Córrego do Feijão em Brumadinho, dias após o colapso da barragem — Foto: Mauro Pimentel/AFPonar 


Em uma lista com 717 barragens de rejeitos de mineração no Brasil, pelo menos 88 têm método de construção de "alteamento a montante ou desconhecido", segundo uma lista divulgada nesta quinta-feira (31) pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Entre elas, 43 são classificadas como barragens de alto dano potencial associado.O método a montante é o mesmo das barragens da Vale que se romperam em Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019, e é considerado menos seguro por especialistas. Os outros tipos de construção, considerados mais seguros, são alteamento a jusante, linha de centro e etapa única.
Tipo de construção das barragens de mineração no Brasil
em unidades
Alteamento a jusante: 151Alteamento a montante ou desconhecido: 88Alteamento por linha de centro: 37Etapa única: 381Indefinido: 61
Etapa única
métodos de construção 381
Fonte: AMN
Barragens classificadas como barragens de alto dano potencial associado são estruturas consideradas arriscadas no que se refere ao que pode acontecer em caso de rompimento ou mau funcionamento de uma barragem. Essa classificação leva em conta as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais. Ao todo, o Brasil tem cerca de 200 barragens nessas condições.
Além de classificar o dano potencial, a ANM também categoriza as barragens de acordo com o risco de de ocorrência de acidente. Entre as 88 barragens que têm método de construção de "alteamento a montante ou desconhecido", 12 são consideradas de médio risco.
A maioria (72) é categorizada como estrutura de baixo risco - a mesma classificação da barragem 1 do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu na última sexta-feira (25) deixando centenas de mortos e desaparecidos.

Método mais arriscado

Embora seja bastante comum e mais barato, o método de alteamento a montante – o mesmo usado nas barragens responsáveis pelas tragédias de Brumadinho e Mariana – é considerado obsoleto e o menos seguropor especialistas, em razão dos riscos de acidentes.
No alteamento a montante, a barragem vai crescendo em forma de degraus para dentro do reservatório, utilizando o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério sobre o dique inicial. Este tipo de barragem já é proibido no Chile, por exemplo, e tem sido menos usado nos Estados Unidos e na Europa.

Estação Cocal

Por Jornal Nacional

O presidente da Vale foi a Brasília discutir com a Procuradoria Geral da República como acelerar o pagamento de indenização às famílias das vítimas.
O encontro foi a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Três integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens foram para a reunião. A filha de Simone - que na época do rompimento do reservatório de Mariana tinha apenas nove meses - sofre até hoje, segundo a mãe, por causa da contaminação por metais pesados. Já o sogro de Juliana é um dos desaparecidos da tragédia em Brumadinho.
O coordenador do movimento, Jocieli Andrioli, cobrou eficiência no atendimento às vítimas. “Os poderes têm que ter mais organização para atuar. Agora não tem mais desculpa, todo mundo tem a experiência de Mariana, a gente espera que não se repita o que aconteceu em Mariana”, disse.
Depois de ouvir os relatos, Raquel Dodge afirmou que a Vale não tem que esperar ações judiciais para reparar as vítimas. “A solução extrajudicial, espera-se, deve ser mais rápida, cada um assumindo o seu dever de responsabilidade, de indenizar, de adotar medidas emergenciais. Não é preciso aguardar a ação da Justiça. Aquele que comete uma infração tem o dever de reparar o dano”, afirmou Dodge.
Raquel Dodge também se reuniu com o presidente da Vale. Depois da conversa com a procuradora, Fábio Schvartsman afirmou que a Vale vai acelerar o pagamento de indenizações às vítimas.
“Nós estamos preparados para abdicar de ações judiciais, nós queremos fazer acordos extrajudiciais, e nós estamos buscando assinar com a maior celeridade possível um acordo com as autoridades do estado de Minas Gerais, que permitam que a Vale comece imediatamente a fazer frente a esse processo indenizatório”, afirmou Schvartsman.
Indagado por que a sirene não tocou no dia do rompimento da barragem, ele disse que a sirene foi enterrada pela lama antes de tocar. “Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido da barragem, e o problema da sirene é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar”, explicou.

No fim da tarde, Raquel Dodge e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, formalizaram a criação de um observatório que vai monitorar questões econômicas, ambientais e sociais de grande impacto ou que causem calamidade.
De acordo com o ministro, o observatório vai eliminar entraves que atrasam a reparação a vítimas de tragédias ou o andamento de processos. Dias Toffoli afirmou que o observatório pode rever casos como o incêndio da boate Kiss e o rompimento da barragem de Mariana.
“Mais do que dizer que é um ato de se dar uma resposta imediata, é um reconhecimento e um pedido de desculpas para que o sistema judicial realmente reconheça suas falhas e que nós possamos enfrentar esses dramas de uma vez por todas”, afirmou Toffoli.

Estação Cocal

Por Jornal Nacional

Em 2018, a taxa de desemprego caiu - depois de três anos seguidos crescendo. Mas o Brasil ainda tem mais de 12 milhões de desempregados. E muita gente trabalhando na informalidade, por conta própria.
Renata Machado teve vários empregos com carteira assinada. Formada em marketing, pediu demissão para tomar conta do filho recém-nascido.
Recentemente voltou a procurar trabalho. Mas acabou desistindo.
“Era chamada pra emprego que ganhava R$ 1.000, R$ 1.200, R$ 1.300, sem benefício. Era trabalhar pra poder pagar a creche”, conta.
Casada com o taxista Fábio, ela agora se vira como pode para completar a renda da família. “Hoje eu trabalho com venda de açaí, trabalho com venda de sapatilhas, trabalho com venda de semijoias. Sempre trabalhei, é a primeira vez que eu me vejo nessa situação, sem salário”, conta Renata.
A pesquisa do IBGE mostrou que, cada vez mais, as famílias brasileiras estão sobrevivendo na informalidade.
De cada quatro brasileiros empregados, um trabalha por conta própria.
São mais de 23 milhões de pessoas. O maior registro desde o início da pesquisa, em 2012.
A informalidade foi determinante para a queda na taxa de desocupação depois de três anos de aumento. Mas o número de desempregados, no ano, ainda é quase o dobro de quatro anos atrás: 12,8 milhões de pessoas.
“Você tem por um lado um número positivo, menos pessoas desocupadas, por outro você tem um aumento expressivo de pessoas que desistiram de procurar trabalho, um aumento expressivo da informalidade - o que faz o mercado de trabalho em 2018 quando comparado com 2017, em termos de qualidade, mostrar características nada favoráveis”, diz o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
De 1,2 milhão de empregos novos criados no país em 2018, pouco mais de cem mil contribuíram para a Previdência Social.
Coisa que a doceira Fernanda Silva Duarte ainda não conseguiu.
“Entrou pra minha meta de 2019 pagar. Porque agora eu já resolvi ficar com os doces mesmo. Trabalhar pra mim mesmo”, comenta.
O número de pessoas empregadas com carteira assinada é o menor em sete anos. E segundo os economistas, só vai voltar a crescer com uma retomada mais forte da economia.
“A pergunta é: será que o indivíduo está conseguindo compensar a perda dos direitos que ele teria ao ter a carteira assinada com uma renda maior, né? Em geral não. E aí é que vem o problema. Na prática, quando a gente olha pro rendimento de quem é informal e de quem é formal, em geral o rendimento da pessoa formal é maior”, diz o pesquisador da FVG/IBRE e IDADOS, Bruno Ottoni.

Estação Cocal



Sérgio Moro recebe auxílio moradia no valor de R$ 7,5 mil

Os benefícios estão previstos em uma lei de 1990 e um decreto de 2001



Por André Moura


Sérgio Moro recebe auxílio moradia no valor de R$ 7,5 mil


O governo Bolsonaro gastou ao menos R$ 130 mil com o pagamento de auxílio-mudança e auxílio-moradia para os ministros que moravam fora de Brasília. O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, foi quem recebeu o maior auxílio para fazer sua mudança: R$ 61.869,40, sob a justificativa de que possui dois dependentes.

Procurada, a assessoria do ministro afirmou que os pagamentos obedeceram ao que está estabelecido na lei, porque ele declarou possuir dois dependentes.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, recebeu R$ 30.934,70 para a mudança e R$ 7,5 mil de auxílio-moradia. Bento Costa Lima Leite, de Minas e Energia, também recebeu o benefício, no mesmo valor de R$ 30,9 mil. Já Paulo Guedes ganhou R$ 1.496,33 de auxílio-moradia – o valor pago ao ministro da Economia foi proporcional ao período para o qual ele apresentou comprovante de gastos com moradia.

Os benefícios estão previstos em uma lei de 1990 e um decreto de 2001 e são pagos caso o servidor solicite ao governo. A assessoria de Moro afirmou: "É um direito de todo servidor público. Ele se mudou de Curitiba para Brasília e o auxílio mudança é utilizado para trazer a mudança. E não está instalado em um apartamento funcional e, sim, em um apartamento alugado". 

Estação Cocal

Número de mortos chega a 110 em Brumadinho; 238 estão desaparecidos

Outras 108 pessoas estão desabrigadas.


Fonte Meio Norte


O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou, nesta quinta-feira, que 110 pessoas morreram por conta da queda da barragem I da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). Os oficiais ainda disseram que 238 pessoas permanecem desaparecidas. Outras 108 pessoas estão desabrigadas.
GOVERNO DE MG NÃO SABE COMO EVITAR ROMPIMENTOS 
O governo de Minas Gerais ainda não tem "clareza" para evitar novos rompimentos de barragens atualmente, afirmou o vice-governador Paulo Brant (Novo) nesta quinta-feira (31). A declaração foi dada após reunião dele com o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), no Palácio do Planalto.
"Nós vamos aprender com esse episódio, com certeza. Clareza absoluta [para evitar novos episódios], não, mas estamos aprendendo. A gente está estudando, avaliando, né?", declarou Brant ao ser questionado se o governo estadual tem conhecimento do que é preciso ser feito para se evitar novas tragédias como as das minas da Vale em Brumadinho e da Samarco - da qual a Vale é uma das integrantes - em Mariana.
Brant afirmou que a ação de resgate e busca de corpos "correu bem" na medida do possível e que não houve falta de recursos humanos, alimentos nem apoio logístico. "Tudo o que tinha que ser feito foi feito", defendeu.
Segundo o vice-governador, todas as barragens a montante - mesmo modelo das que se romperam em Brumadinho e Mariana - em Minas Gerais serão vistoriadas com a ajuda do governo federal. Na terça (29), ministros de Estado anunciaram que a União vai focalizar a fiscalização em 3,3 mil barragens classificadas como de alto risco pelo país.
PGR COBRA QUE VALE ASSUMA RESPONSABILIDADE
Após reunião com integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens nesta quinta-feira (31), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cobrou que a Vale não espere a atuação da Justiça para reparar os danos ambientais e fornecer assistência aos atingidos pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG), na última sexta (25).
Segundo Dodge, é preciso que as mineradoras assumam "um compromisso" pela segurança nas barragens e para que a reparação dos danos e assistência às vítimas seja feita prontamente, sem que as ações dependam de decisões judiciais.
"As empresas que exploram essa atividade econômica precisam assumir de forma muito séria o compromisso de zelar diuturnamente pela higidez de cada uma das barragens para que elas não se rompam, para que novas vítimas não sejam atingidas", afirmou.
Vale diz que sirene não tocou porque foi 'engolfada' pela lama em Brumadinho
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou nesta quinta-feira (31) que o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) foi muito rápido, fazendo com que a sirene de alerta, que deveria soar em caso de algum incidente, fosse "engolfada" pela lama.
"Aconteceu um fato que não é muito usual: houve um rompimento muito rápido da barragem", declarou ele em entrevista coletiva concedida em Brasília.
"A sirene foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar."
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25), provocando uma tragédia que deixou ao menos 99 mortos e 259 desaparecidos.
O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.
Reprodução
Números da tragédia
99 mortos confirmados – 57 identificados (veja a lista)
259 desaparecidos (veja a lista)
192 resgatados (veja a lista)
395 localizados
Mais cedo nesta quinta, a Vale havia enviado nota à BBC Brasil dizendo: "Devido à velocidade com que ocorreu o evento, não foi possível acionar as sirenes relativas à barragem 1".
Especialistas afirmaram que existe tecnologia para que alertas sonoros de emergência sejam acionados em qualquer circunstância, independentemente da velocidade do evento.
Indenização
Fabio Schvartsman deu a declaração depois de se reunir com procuradores na sede da Procuradoria-Geral da República. De acordo com o executivo, a intenção da empresa é acelerar ao máximo o processo de indenização das vítimas por meio de acordos extrajudiciais.
"Estamos preparados para abdicar de ações judiciais. Queremos fazer acordos extrajudiciais, buscando assinar assinar com a maior celeridade possível um acordo com as autoridades de Minas Gerais que permitam que a Vale comece a fazer frente, imediatamente, a esse processo indenizatório."
Pela manhã, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já havia afirmado, após reunião com representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que a Vale não tem de esperar ações judiciais para indenizar vítimas da tragédia.
Já o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse que a mineradora deve repassar R$ 80 milhões a Brumadinho ao longo de dois anos, como forma de compensar os impostos que deixam de ser arrecadados.