1/31/2019

Estação Cocal

Por Jornal Nacional

O presidente da Vale foi a Brasília discutir com a Procuradoria Geral da República como acelerar o pagamento de indenização às famílias das vítimas.
O encontro foi a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Três integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens foram para a reunião. A filha de Simone - que na época do rompimento do reservatório de Mariana tinha apenas nove meses - sofre até hoje, segundo a mãe, por causa da contaminação por metais pesados. Já o sogro de Juliana é um dos desaparecidos da tragédia em Brumadinho.
O coordenador do movimento, Jocieli Andrioli, cobrou eficiência no atendimento às vítimas. “Os poderes têm que ter mais organização para atuar. Agora não tem mais desculpa, todo mundo tem a experiência de Mariana, a gente espera que não se repita o que aconteceu em Mariana”, disse.
Depois de ouvir os relatos, Raquel Dodge afirmou que a Vale não tem que esperar ações judiciais para reparar as vítimas. “A solução extrajudicial, espera-se, deve ser mais rápida, cada um assumindo o seu dever de responsabilidade, de indenizar, de adotar medidas emergenciais. Não é preciso aguardar a ação da Justiça. Aquele que comete uma infração tem o dever de reparar o dano”, afirmou Dodge.
Raquel Dodge também se reuniu com o presidente da Vale. Depois da conversa com a procuradora, Fábio Schvartsman afirmou que a Vale vai acelerar o pagamento de indenizações às vítimas.
“Nós estamos preparados para abdicar de ações judiciais, nós queremos fazer acordos extrajudiciais, e nós estamos buscando assinar com a maior celeridade possível um acordo com as autoridades do estado de Minas Gerais, que permitam que a Vale comece imediatamente a fazer frente a esse processo indenizatório”, afirmou Schvartsman.
Indagado por que a sirene não tocou no dia do rompimento da barragem, ele disse que a sirene foi enterrada pela lama antes de tocar. “Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido da barragem, e o problema da sirene é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar”, explicou.

No fim da tarde, Raquel Dodge e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, formalizaram a criação de um observatório que vai monitorar questões econômicas, ambientais e sociais de grande impacto ou que causem calamidade.
De acordo com o ministro, o observatório vai eliminar entraves que atrasam a reparação a vítimas de tragédias ou o andamento de processos. Dias Toffoli afirmou que o observatório pode rever casos como o incêndio da boate Kiss e o rompimento da barragem de Mariana.
“Mais do que dizer que é um ato de se dar uma resposta imediata, é um reconhecimento e um pedido de desculpas para que o sistema judicial realmente reconheça suas falhas e que nós possamos enfrentar esses dramas de uma vez por todas”, afirmou Toffoli.

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