4/28/2018

Estação Cocal

PGR pede condenação de Alberto Fraga por participação em suposto esquema de propina no DF

Pedido foi feito em maio de 2017, mas se tornou público este mês. MPF pediu que áudios, mostrados com exclusividade pela TV Globo, fossem anexados em ação que tornou deputado réu.



Por G1 DF e TV Globo


Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) pelo crime de concussão (uso do cargo para obter vantagem indevida) em maio de 2017. A informação, no entanto, somente veio à tona neste mês, após o relator do caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ter autorizado a quebra do sigilo da ação penal contra o deputado.
O político é acusado pela PGR de ter exigido propina de uma cooperativa de micro-ônibus no Distrito Federal, quando ocupou o cargo de secretário de Transporte do DF, na gestão de José Roberto Arruda. Além de Fraga, a PGR também denunciou por concussão Afonso Andrade de Moura, motorista do parlamentar. O G1 tenta contato com a defesa dos acusados.
No processo, o advogado do deputado sustentou que Fraga "não manteve qualquer tipo de comunicação para obter vantagem ilícita". "Não se enxerga a evidência de encontro pessoal, ligação telefônica, comunicação por bilhete, ou quiçá, elementos colhidos com a quebra de sigilos bancário e fiscal, ou, indicativos de tratativas entre o acusado e os que se colocariam como intermediários para a entrega de valores em busca obtenção privilégios."
Já a defesa de Moura questionou a atuação do STF: "Seja reconhecida a incompetência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar o feito em relação a sua suposta conduta. Pois, não se demonstrou nos autos, qual seria o motivo a justificar a exceção, para não aplicação da regra esculpida em nossa Carta Magna quanto aos Processos Originários".

Trecho do pedido da PGR (Foto: Reprodução)

Trecho do pedido da PGR (Foto: Reprodução)


No documento, consta ainda que o Ministério Público Federal (MPF) pediu que novas provas fossem incluídas no caso. A solicitação foi feita depois que a TV Globo divulgou uma gravação, obtida com exclusividade, mostrando o deputado supostamente discutindo propina.
Depois da divulgação da reportagem, o MPF cobrou que os áudios fossem enviados pela Justiça do Distrito Federal e compartilhados como prova do inquérito. Os áudios também seriam utilizados em uma outra ação contra o deputado, em que ele também é acusado de receber propina relacionada ao transporte público – mas de outra cooperativa.
“Consoante recente e amplamente divulgado na mídia local, João Alberto Fraga Silva foi flagrado em conversas telefônicas interceptadas mediante autorização judicial, dialogando acerca dos valores recebidos e a receber em decorrência dos fatos versados nos presentes autos”, escreveu o ministro Alexandre de Moraes.
As mídias revelam uma conversa do político com representantes de cooperativas de micro-ônibus e foram gravadas em 2009. No diálogo, Fraga questiona interlocutores sobre o valor dos repasses. Segundo o Ministério Público, essas cifras se referem a propina paga por cooperativas, no processo de substituição das vans por micro-ônibus.
Em uma das gravações, segundo o MP, Alberto Fraga indaga porque estaria recebendo valores menores que seu assessor à época, o subsecretário Júlio Urnau (veja abaixo). O interlocutor é identificado pelo Ministério Público como Jefferson Magrão, representante do político junto às cooperativas. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Urnau e Magrão.
Alberto Fraga: Agora tá explicado, as coisas acontecendo e eu com cara de babaca aqui, entendeu? E o cara, você veja, o cara ganhou com isso aí, o que é que acontece? Ele, ele ganhou muito mais dinheiro, vamos dizer assim, do que o próprio secretário.
Jefferson Magrão: Deitou e rolou.
Fraga: Deitou e rolou. É por isso que o Arruda, constantemente, me dá uma 'espetada'.
Na época da divulgação das mídias, o advogado de Fraga no processo, Everardo Alves Ribeiro, afirmou que as gravações não tratam de propina. Segundo ele, os áudios mostram o atual deputado federal indignado com as suspeitas de que o secretário-adjunto Urnau estivesse recebendo dinheiro das cooperativas.
Em entrevista à equipe da TV Globo, o deputado federal Alberto Fraga disse que nunca recebeu propina. "Todo mundo sabe o meu jeito de ser, não sou bandido, detesto bandido e jamais iria permitir esse tipo de coisa na minha secretaria", apontou.

Cadê as gravações?

Após o pedido do Ministério Público, os áudios em questão chegaram em um pendrive, protegido por senha. Em 23 de fevereiro deste ano, a PGR pediu que o relator do caso, Alexandre de Moraes, determinasse à Justiça do DF o envio dos códigos necessários para acessar as mídias.
O ofício com a ordem foi enviado em 5 de março deste ano. No entanto, na semana passada, a PGR informou ao STF que ainda não havia recebido as senhas.
O ministro Alexandre Moraes, então, deu um prazo de 15 dias para que a Justiça do DF encaminhe não apenas as senhas dos áudios, como todos os volumes da ação penal, inclusive as gravações e transcrições das comunicações interceptadas.
Como os áudios foram solicitados em duas ações penais diferentes, na outra a Procuradoria-Geral da República pediu que fossem enviados todos os documentos do caso na Justiça do DF, incluindo transcrições dos áudios que não puderam ser ouvidos. O ministro aceitou o pedido. A ação está agora na Procuradoria, aguardando manifestação sobre as novas provas.

A denúncia

A operação Régin foi deflagrada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do DF em 2011. Citados no inquérito, Fraga, Urnau e o ex-assessor José Geraldo de Oliveira Melo foram acusados por organização criminosa e concussão – quando um agente público exige vantagem própria para realizar uma contratação.
De acordo com o inquérito, o grupo chegou a receber mais de R$ 800 mil de uma única cooperativa, a Coopatag. Na época, a entidade conseguiu uma decisão judicial para retornar à licitação, depois de ser considerada "inabilitada" para o contrato. Mesmo com a sentença em mãos, a Coopatag teve de pagar propina para voltar a concorrer, diz o MP.
O valor de R$ 800 mil – supostamente reajustado para cima pelo próprio Fraga – teria sido pago em três parcelas, entregues no Aeroporto JK, no Jardim Zoológico e no Núcleo Bandeirante. De acordo com as investigações, a Coopatag só voltou para a disputa da licitação quando a primeira parte do valor já tinha sido paga.
A denúncia contra Fraga foi apresentada ao Tribunal de Justiça do DF em 2011. Em 2014, quando ele foi eleito deputado federal e ganhou foro privilegiado, o processo "subiu" para o Supremo Tribunal Federal.

Intimidação

Segundo o inquérito, Fraga também intimidou representantes de cooperativas, na tentativa de entender a suposta propina recebida por Júlio Urnau. Em outro áudio, o deputado conversa com Magrão e o então presidente da Associação das Cooperativas de Ônibus do DF, Fontidejan Santana.
Na conversa, Fraga pergunta a Santana sobre um repasse de R$ 1,5 milhão que teria sido feito a Júlio. Em resposta, ouve que o valor real era ainda maior, de R$ 1,7 milhão.
Fraga: Bem, eu acho que... tem um tititi danado, né, na cidade e aí talvez (...) existe os comentários. Mas o que me disseram, Santana, é que você teria dado pro Júlio um milhão e quinhentos mil reais.
Santana: Hunrum.
Magrão: E aí?
Santana: E não foi só eu que dei, né?
Magrão: [Repete] E não foi só eu que dei.
Ouve-se risos ao fundo, e um dos envolvidos fala: "Isso, eu gostei de ver".
Fraga: Aí, aí é que tá. Mas aí, o outro seria então o Noel. Diz que o Noel deu um milhão e setecentos?
Magrão: O [Manco].
Santana: Eu num sei quanto é que ele deu, mas...
Magrão: O [Manco], o [Manco deu].
Fraga: Agora, Santana, como é que você, sabendo o meu jeito de ser, como é que você entra numa dessa?
Santana: Você não estava aqui. Você não estava aqui. Se você estivesse aqui, eu num teria feito. Eu tinha vindo aqui conversar, você não estava.
Magrão: Você se lembra aquela vez que o Santana pagou... quando nós entramos na licitação, o Santana num pagou um milhão e setecentos, foi? Foi um milhão e setecentos. Um milhão e setecentos que ele depositou e depois num conseguiu o resto e o dinheiro ficou preso?

Processo disciplinar

O deputado Alberto Fraga também responde a um processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que vai analisar a conduta do parlamentar. 
Ele publicou em uma rede social fake news sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL).

No Twitter, o deputado federal Alberto Fraga publicou fake news sobre a vereadora Marielle Franco (Foto: Reprodução/Twitter)
No Twitter, o deputado federal Alberto Fraga publicou fake news sobre a vereadora Marielle Franco (Foto: Reprodução/Twitter)

O processo foi instaurado a partir de representação do PSOL, apresentada no dia 21 de março. O partido pediu a cassação do mandato do parlamentar.
A assessoria do deputado Alberto Fraga informou que ele não vai se manifestar.
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Estação Cocal



Imposto de Renda 2018: a 2 dias do fim do prazo, quase 5 milhões ainda não entregaram declarações

Último dia para entrega da declaração é segunda-feira (30). Até a tarde deste sábado, 23,9 milhões de contribuintes (83%) entregaram a declaração do IR 2018, segundo a Receita Federal.




Por Laís Lis, G1, Brasília

A dois dias do fim do prazo de entrega das declarações do imposto de renda – segunda-feira (30) é o último dia –, 4,89 milhões de contribuintes ainda não fizeram suas declarações de Imposto de Renda, segundo dados da Receita Federal. Esse número representa 17% do total de contribuintes (um em cada seis).
De acordo com a Receita Federal, até a tarde deste sábado (28), 23,91 milhões de contribuintes entregaram suas declarações. A expectativa da Receita é receber 28,8 milhões de declarações.
Segundo a Receita, os contribuintes que perderem o prazo estarão sujeitos ao pagamento de multa de, pelo menos, R$ 165,74. O valor máximo a ser cobrado para quem não declara é de 20% do imposto devido.

Quem deve declarar?

  • Deve declarar o IR neste ano quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2017. O valor é o mesmo da declaração do IR do ano passado.
  • Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 40 mil no ano passado;
  • Quem obteve, em qualquer mês de 2017, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
  • Quem teve, em 2017, receita bruta em valor superior a R$ 142.798,50 em atividade rural;
  • Quem tinha, até 31 de dezembro de 2017, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil;
  • Quem passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês do ano passado e nessa condição encontrava-se em 31 de dezembro de 2017.

Simplificada

Quem optar pela declaração simplificada abre mão de todas as deduções admitidas na legislação tributária, como aquelas por gastos com edudação e saúde, mas tem direito a uma dedução de 20% do valor dos rendimentos tributáveis, limitada a R$ 16.754,34, mesmo valor do ano passado.

4/25/2018

Estação Cocal

Servidor do Ministério do Trabalho é preso em Caxias do Sul por suspeita de fraude em liberação de seguros

Polícia Federal investigou esquema de concessão irregular de seguro-desemprego para pescadores, durante o período em que são impedidos de exercer a atividade devido à proibição da pesca. Servidor teria liberado quase 7 mil benefícios.








Por Mariana Oliveira, TV Globo, Brasília

Um servidor da gerência regional do Ministério do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul, na serra gaúcha, foi preso na manhã desta quarta-feira (25) pela Polícia Federal em operação contra um equema de concessão de seguro-desemprego a pescadores da cidade. Segundo a PF, o esquema desviou mais de R$ 20 milhões dos cofres públicos, inserindo dados falsos nos cadastros de requerimento do benefício na modalidade defeso.
Tem direito a este seguro os pescadores artesanais que são impedidos de exercer sua atividade econômica em período em que a pesca é proibida. Porém, segundo a PF, não há pescadores artesanais na região. As investigações tiveram início a partir de um relatório do próprio ministério, que identificou 6.988 requerimentos do seguro-defeso com indícios de irregularidades.
O servidor, com seu login e senha, tinha acesso a registros de cidadãos de diversas outras regiões do país, conforme a PF. Mais da metade dos saques foram levantados no Amapá.
Além da prisão, a polícia também efetuou buscas na residência e na gerência. Um HD, aparelhos celulares, documentos e R$ 5,8 mil em dinheiro foram apreendidos.
O investigado teve prisão temporária e afastamento cautelar do serviço público decretados pela 5ª Vara da Justiça Federal de Caxias do Sul e responderá pelos crimes de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações
Na residência do suspeito e na sede do ministério em Caxias do Sul foram apreendidos HD, documentos, celulares e R$ 5,8 mil (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
Na residência do suspeito e na sede do ministério em Caxias do Sul foram apreendidos HD, documentos, celulares e R$ 5,8 mil (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

Em nota, o Ministério do Trabalho reitera que "todas as ações do servidor vinham sendo monitoradas e que a sua prisão só foi possível porque o próprio Ministério do Trabalho encaminhou informações para embasar o inquérito policial."
A pasta acrescenta que a Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (SRT-RS) afastou o servidor, e o eecretário-executivo do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes, determinou a instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar os fatos.
Abaixo, leia mais um trecho da nota:
Desde dezembro de 2016, a pasta tem intensificado as ações de combate a fraudes no Programa do Seguro-Desemprego. Em 2017, o ministério deflagrou diversas ações em conjunto com a Polícia Federal para combater irregularidades detectadas pelo Sistema Antifraude, que resultaram inclusive na prisão de integrantes de quadrilhas organizadas que desviavam recursos dos trabalhadores.
O ministério esclarece ainda que é procedimento padrão descredenciar todos os agentes envolvidos em fraudes, se comprovada qualquer irregularidade, como ocorreu em maio de 2017, quando foi deflagrada a Operação Stellio.
O Ministério do Trabalho reitera que vai continuar intensificando as ações de combate a fraudes no Programa do Seguro-Desemprego e punir administrativamente os agentes envolvidos em irregularidades.