1/31/2019

Estação Cocal

Por Jornal Nacional

Em 2018, a taxa de desemprego caiu - depois de três anos seguidos crescendo. Mas o Brasil ainda tem mais de 12 milhões de desempregados. E muita gente trabalhando na informalidade, por conta própria.
Renata Machado teve vários empregos com carteira assinada. Formada em marketing, pediu demissão para tomar conta do filho recém-nascido.
Recentemente voltou a procurar trabalho. Mas acabou desistindo.
“Era chamada pra emprego que ganhava R$ 1.000, R$ 1.200, R$ 1.300, sem benefício. Era trabalhar pra poder pagar a creche”, conta.
Casada com o taxista Fábio, ela agora se vira como pode para completar a renda da família. “Hoje eu trabalho com venda de açaí, trabalho com venda de sapatilhas, trabalho com venda de semijoias. Sempre trabalhei, é a primeira vez que eu me vejo nessa situação, sem salário”, conta Renata.
A pesquisa do IBGE mostrou que, cada vez mais, as famílias brasileiras estão sobrevivendo na informalidade.
De cada quatro brasileiros empregados, um trabalha por conta própria.
São mais de 23 milhões de pessoas. O maior registro desde o início da pesquisa, em 2012.
A informalidade foi determinante para a queda na taxa de desocupação depois de três anos de aumento. Mas o número de desempregados, no ano, ainda é quase o dobro de quatro anos atrás: 12,8 milhões de pessoas.
“Você tem por um lado um número positivo, menos pessoas desocupadas, por outro você tem um aumento expressivo de pessoas que desistiram de procurar trabalho, um aumento expressivo da informalidade - o que faz o mercado de trabalho em 2018 quando comparado com 2017, em termos de qualidade, mostrar características nada favoráveis”, diz o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
De 1,2 milhão de empregos novos criados no país em 2018, pouco mais de cem mil contribuíram para a Previdência Social.
Coisa que a doceira Fernanda Silva Duarte ainda não conseguiu.
“Entrou pra minha meta de 2019 pagar. Porque agora eu já resolvi ficar com os doces mesmo. Trabalhar pra mim mesmo”, comenta.
O número de pessoas empregadas com carteira assinada é o menor em sete anos. E segundo os economistas, só vai voltar a crescer com uma retomada mais forte da economia.
“A pergunta é: será que o indivíduo está conseguindo compensar a perda dos direitos que ele teria ao ter a carteira assinada com uma renda maior, né? Em geral não. E aí é que vem o problema. Na prática, quando a gente olha pro rendimento de quem é informal e de quem é formal, em geral o rendimento da pessoa formal é maior”, diz o pesquisador da FVG/IBRE e IDADOS, Bruno Ottoni.

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