11/21/2014

Estação Cocal


NINHO DE RATOS


O governo já espalhou um pelotão de técnicos pela Esplanada dos Ministérios para mapear o que podem ser as ramificações do processo de corrupção que surrupiou pelo menos R$ 10 bilhões da Petrobras. O Palácio do Planalto sabe que todas as empreiteiras investigadas pela Polícia Federal, por meio da Operação Lava-Jato, têm obras com outros órgãos públicos. E os indícios de superfaturamento são explícitos.

A determinação do governo é antecipar-se aos fatos e evitar que a PF exponha as novas vísceras da administração petista sem que a presidente Dilma Rousseff esteja preparada para se defender. Dois dos alvos principais da tropa de técnicos são os ministérios das Cidades, comandado pelo PP, afundado até o pescoço no lamaçal da Petrobras, e o da Integração Nacional, responsável pelas obras de transposição do São Francisco.

“Há um ninho de ratos no governo”, admite um dos técnicos. “As irregularidades estão entranhadas por toda a máquina pública. Se, na Petrobras, que tem uma enorme visibilidade da imprensa e é acompanhada com lupa pelos investidores, houve a roubalheira toda que estamos vendo, imagine em órgãos mais obscuros, com pouca transparência. Certamente, muito dinheiro do contribuinte escorreu pelo ralo por meio de contratos superfaturados”, acrescenta.

A preocupação dos governistas é de que a oposição já esteja se movendo para levantar informações dentro da máquina com servidores mais alinhados ao PSDB. “Diante do que a Polícia Federal está revelando na Petrobras, baixou um clima de indignação enorme na Esplanada”, revela um servidor do Ministério do Planejamento. “Se forem a fundo nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida, não faltará material para tirar o sono da presidente”, emenda.

Não por acaso, aliados do governo torcem para que Dilma caia logo na real e anuncie rapidamente uma “excelente” equipe econômica. Será uma forma de criar um contraponto que ajude a mudar o humor dos investidores. A imagem da principal empresa com ações negociadas em bolsa está no limbo. A percepção de que o Brasil é uma antro de corrupção ganhou o mundo. O empresariado está em pânico com a possibilidade de o segundo mandato da petista ser mais do mesmo: inflação alta, crescimento pífio, rombo recorde nas contas externas e contas públicas em frangalhos.

“A boa notícia é que Dilma parece mais disposta a ouvir”, afirma um senador da base aliada. “Conversei com ela recentemente, e percebi que ela está disposta a mudar, para melhor, a equipe econômica”, ressalta. Ele admite, porém, que o tempo está jogando contra. Ao adiar a notícia que investidores e empresários tanto querem ouvir — o nome do sucessor de Guido Mantega no Ministério da Fazenda — a presidente só alimenta a desconfiança e escancara as portas para o governo ser o foco de más notícias, a começar pela corrupção.

Descrédito geral

Ex-diretor do Banco Central, o economista Carlos Eduardo de Freitas duvida que a presidente Dilma abra mão do controle da política econômica no segundo mandato. Ele admite que ela até pode nomear uma pessoa gabaritada para o comando do Ministério da Fazenda, mas o escolhido não terá a liberdade que precisa para reconstruir a confiança que a economia tanto necessita. No entender dele, a situação atual do país não é terminal, mas os problemas que se acumularam nos últimos quatro anos criaram um fardo que custará muito, mas muito caro à população. “O clima de descrédito é geral. Os investidores brasileiros estão tirando recursos do país e os estrangeiros, evitando vir para cá”, frisa.

Má educação na Casa Civil

» Pessoas ilustres do Palácio do Planalto estão incomodadas com o comportamento pouco educado do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ao adquirir a confiança da presidente Dilma, ele deu para interromper as reuniões da chefe com os visitantes sem nenhum constrangimento.

Cartão clonado a cada seis meses

» Está dura a vida de clientes do cartão de crédito Bradesco. Há gente reclamando que, a cada seis meses, o tal dinheiro de plástico é clonado. Não bastasse o aborrecimento de ficar ser cartão por vários dias, a vítima ainda é
obrigada a passar pelo constrangimento de provar que não cometeu ilícitos.

Descaso da Latam

» Vida dura também para os clientes da TAM. Uma pessoa que comprar uma passagem para o exterior por meio da empresa brasileira, mas com o transporte feito por sua controladora, a LAN, não consegue sequer marcar os assentos. É um jogo de empurra danado. Isso, porque são a mesma companhia.

Pragas de volta à Fazenda

» Por falar em ratos, as pragas voltaram com tudo para o Ministério da Fazenda. Não se acanham em perambular pelas salas, assustando os servidores.

Brasília, 00h01min
    
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Tags: Dilma  Rousseff    corrupção    Petrobras    Operação  Lava-Jato    ratos    governo   superfaturamento 

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