6/24/2015

Estação Cocal

24/06/2015 19h14 - Atualizado em 24/06/2015 19h55

Youssef afirma que entregou dinheiro em espécie para André Vargas

Afirmação foi feita em audiência na Justiça Federal nesta quarta-feira (24). 
Valor foi entregue 'diretamente a pessoa dele', de acordo com o doleiro.

Do G1 PR
O deputado André Vargas (PT-PR)  (Foto: Laycer Tomaz/Câmara)André Vargas foi preso em abril deste ano, na 11ª
fase da Operação Lava Jato (Foto: Laycer Tomaz/
Câmara)
O doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar o esquema de corrupção na Petrobras, prestou depoimento à Justiça Federal nesta quarta-feira (24), em Curitiba, e afirmou ter entregue dinheiro em espécie para o ex-deputado André Vargas – "diretamente a pessoa dele", em Brasília.
Youssef disse ainda que, além de disponibilizar valores, para André Vargas, entregou dinheiro no escritório do deputado José Mentor (PT-SP), em São Paulo, a pedido do ex-parlamentar. Mentor é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por envolvimento na Lava Jato. Youssef não falou a quantidade.
O doleiro foi testemunha de acusação de um processo da 11ª fase da Operação Lava Jato, que envolve André Vargas e os irmãos dele Leon e Milton Vargas, mais Ricardo Hoffman. A audiência foi realizada nesta tarde.
A defesa de André Vargas informou que não vai se manifestar sobre o assunto. Por meio de nota, Mentor disse que não tem ligação com a Lava Jato. "Repudio com veemência quaisquer tentativas de me ligarem com o objeto dessas investigações. Sobre as notícias veiculadas vou procurar com toda a tranquilidade conhecer o que a mim é atribuído e, posteriormente, prestarei os esclarecimentos necessários".
11ª fase da Lava Jato
A 11ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em abril, investiga fraudes que vão além da Petrobras. Existem indícios de irregularidades em contratos publicitários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Ministério da Saúde, de acordo com a Polícia Federal (PF). André Vargas foi preso na ocasião.
Dentre as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal para a prisão de André Vargas, por exemplo, está um pagamento de R$ 2,4 milhões feito por Youssef em dezembro de 2013.
Para justificar o recebimento, segundo a investigação, foram emitidas notas fraudulentas pela empresa IT7 Sistemas que possui contrato com diversos órgãos públicos, como a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 50 milhões no ano de 2013. Leon é sócio da IT7.
Depoimento
“A única coisa que tenho do Leon [Vargas] é que ele me pediu que eu fizesse um recebimento de uma empresa pra ele, onde eu pudesse emitir umas notas fiscais e pudesse fazer reais pra ele. E assim foi feito. Isso foi em dezembro de 2013, se não me engano”, afirmou Youssef durante o depoimento na tarde desta quarta-feira.
G1 ainda não localizou a defesa de Leon para comentar o afirmação do doleiro.
Questionado pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, se André Vargas estava envolvido, Youssef respondeu que, depois de a operação ter sido realizada, Leon afirmou que iria destinar o dinheiro a André Vargas e que ele iria dizer ao doleiro o que fazer com os recursos. 
Relacionamento com os irmãos Vargas
A relação de Youssef com Leon teria começado, conforme o doleiro, recentemente: “Conheci não tem muito tempo, acho que foi em 2010, 2009”. Quanto a André Vargas, ele explicou que conhece o ex-parlamentar há anos, já que os dois moravam na mesma cidade: Londrina, na região norte do Paraná.
“Eu só vim a me relacionar de perto com o senhor André Vargas agora em 2013. Foi quando eu fui fazer um pedido pra ele, pra que ele me ajudasse com uma abertura, pra que o Ministério da Saúde recebesse uma empresa que eu estava adquirindo”.
Alberto Youssef (Foto: Reprodução/RPC)Alberto Youssef prestou depoimento como 
testemunha de acusação (Foto: Reprodução/RPC)
O doleiro disse que o Ministério da Saúde recebeu a empresa, mas que ele não viu ilicitude porque, segundo ele, todos os documentos foram apresentados, o Ministério da Saúde fez a fiscalização necessária e que “não teve nenhuma tratativa de vantagens indevidas”.
Em juízo, o doleiro afirmou ter conhecido Hoffman na carceragem da Polícia Federal (PF), na capital paranaense, onde estão presos. André Vargas está detido no Complexo Médico-Legal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Leon Vargas foi preso temporariamente durante a 11ª fase da operação e solto dias depois. Milton não chegou a ser preso.
Segundo a PF, Hoffmann é acusado de gerenciar uma agência de publicidade que era contratada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Saúde. A agência fazia subcontratações de fornecedoras de materiais publicitários que eram de fachadas e tinham como sócios André Vargas e Leon Vargas, de acordo com a PF.
Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) sustentam que a corrupção aconteceu em contratos da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde, e ocorriam através da agência de publicidade Borghi Lowe e da empresa Labogen, de Youssef.Crimes
Os quatro acusados respondem pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
"Segundo a denúncia, o acusado Ricardo Hoffman, dirigente da agência de publicidade Borghi Lowe Propaganda e Marketing Ltda., teria oferecido vantagem indevida ao então Deputado Federal André Vargas para que interviesse para que a referida empresa fosse contratada para agenciar serviços de publicidade para a Caixa Econômica Federal e o Mínistério da Saúde", cita o juiz Sergio Moro.
Conforme o MPF, a agência de publicidade orientava, como contrapartida, que as empresas contratadas para efetivar os serviços ao ministério e à Caixa fizessem depósitos de comissões em contas de empresas controladas por André Vargas e os irmãos, Leon e Milton Vargas.
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