O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sérgio Moro, em maio deste ano, durante visita ao Centro Integrado de Inteligência e Segurança Pública da Região Sul, em Curitiba — Foto: Marcos Corrêa/PR |
O Secretário de Comunicação
da Presidência, Fabio Wajngarten, disse nesta segunda-feira (10) que o
presidente Jair Bolsonaro manifestou confiança em seu ministro da Justiça
e Segurança Pública, Sérgio Moro, após o vazamento de mensagens
relacionadas à operação Lava Jato.
Wajngarten disse que
informou Bolsonaro sobre o vazamento no domingo (9) e voltou a conversar sobre
o caso com o presidente por volta das 6h30 desta segunda. Nos dois momentos,
segundo Wajngarten, Bolsonaro repetiu a afirmação: "Nós confiamos
irrestritamente no ministro Moro".
Neste domingo (9), o site
The Intercept publicou reportagem com mensagens atribuídas a Moro e a
procuradores. Segundo o site, o então juiz responsável pela Lava Jato no Paraná
orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores que atuam na operação.
As conversas aconteceram no Telegram – aplicativo de mensagens.
Reunião com Bolsonaro
O porta-voz da Presidência,
Otávio Rêgo Barros, informou nesta segunda que Bolsonaro deve se reunir na
terça-feira (11) com Moro, para discutir o conteúdo das mensagens revelada pelo
site.
Mais cedo, nesta segunda,
Moro havia afirmou em uma entrevista coletiva em Manaus (AM) que não
orientou a atuação dos procuradores, acrescentando que os trechos
mencionados na reportagem, na opinião dele, não mostram prática ilegal.
Já Rêgo Barros afirmou:
"Em relação às notícias referentes ao vazamento de informações sobre a
Operação Lava Jato, o presidente da República não se pronunciará a respeito do
conteúdo de mensagens e aguardará o retorno do ministro Moro para conversar
pessoalmente, em princípio, amanhã".
De acordo com o porta-voz, o
encontro é "importante" para Bolsonaro saber de Moro a percepção do
ministro sobre as mensagens e, a partir da conversa, "traçar linhas de
ação" e estratégias para o país avançar em direção ao "rumo
certo".
Diante do conteúdo revelado,
o corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
Orlando Rochadel, decidiu apurar se o procurador da República no Paraná Deltan
Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa cometeram "falta
funcional".
Ainda no domingo, após a
divulgação das mensagens, a assessoria do Ministério Público Federal no Paraná
divulgou uma nota na qual afirmou que a atuação dos procuradores é
"revestida de legalidade, técnica e impessoalidade".
Afirmou também que os
integrantes da força-tarefa estão à disposição para prestar esclarecimentos
sobre os fatos.
Repercussão
Nesta segunda, entidades
representativas de juízes, de procuradores e de advogados se manifestaram
sobre as mensagens atribuídas a Moro e a integrantes da força-tarefa da
Lava Jato.
A Associação dos Juízes
Federais do Brasil (Ajufe), por exemplo, disse que aguarda
"serenamente" que o conteúdo noticiado e os "vazamentos"
sejam "rigorosamente apurados".
"As informações
divulgadas pelo site precisam ser esclarecidas com maior profundidade, razão
pela qual a Ajufe aguarda serenamente que o conteúdo do que foi noticiado e os
vazamentos que lhe deram origem sejam devida e rigorosamente apurados",
diz a nota.
A Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) divulgou uma nota na qual recomendou o afastamento de Moro e de
procuradores.
"A íntegra dos
documentos deve ser analisada para que, somente após o devido processo legal –
com todo o plexo de direitos fundamentais que lhe é inerente –, seja formado juízo
definitivo de valor. [...] Não se pode desconsiderar, contudo, a gravidade dos
fatos, o que demanda investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que
estes envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder
Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no
âmbito da operação lava-jato. Este quadro recomenda que os envolvidos peçam
afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as
investigações corram sem qualquer suspeita", diz trecho da nota da OAB.
Também em nota, a Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR) reiterou "confiança" no
trabalho desenvolvido pelos procuradores, assim como a importância da
continuação dos "esforços que vêm sendo desenvolvidos".
"Também reafirma a
importância da liberdade de imprensa para a consolidação do Estado Democrático
de Direito, bem como destaca, ainda, que as matérias jornalísticas produzidas
devem oportunizar a prévia ouvida dos envolvidos e ter a cautela de não reproduzir
frases descontextualizadas, soltas, desconexas, que possam confundir, ao invés
de esclarecer", acrescentou a entidade.
Celular de Moro
Na semana passada, o
Ministério da Justiça informou que houve uma tentativa de invasão do
celular de Moro. De acordo com o ministro, "não houve captação de conteúdo".
Segundo o site The
Intercept, os diálogos foram obtidos antes dessa invasão, por meio de uma fonte
anônima.
Por Delis Ortiz, Roniara Castilhos e Felipe Matoso, TV Globo e G1 — Brasília
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário