8/25/2015

Estação Cocal


Desemprego no Brasil passa dos 8% no segundo trimestre, diz IBGE

É a maior taxa desde 2012, quando foi criada a Pnad contínua. País tem mais de oito milhões de pessoas procurando emprego.

O desemprego no Brasil passou dos 8%, no segundo trimestre. É a maior taxa desde 2012, quando foi criada essa pesquisa: a Pnad contínua.

A maioria bate de porta em porta. Flávio preferiu tentar a janela. São uns 200 ‘bons dias’ por dia, e ele não cansa.

Quando o sinal fecha, a cena é comum: motoristas recebendo ofertas e pedidos. Mas o que o Flávio está fazendo é diferente. Ele entrega um papel que diz: “Através deste currículo peço a sua ajuda, pois estou com dificuldades para conseguir emprego. Peço a você a gentileza de entregar no departamento pessoal da sua empresa”.

“O desespero, né. Porque você vê as suas reponsabilidades, as suas despesas, contas e você, como homem da casa, você tem que fazer algo. Procuro colocar minha melhor roupa e venho pra rua”, contou Flávio Aguiar, apontador / construção civil.

Algumas janelas se fecham. Mas a maioria pega o papel, e fica sabendo que o Flávio trabalhou na construção civil até novembro de 2014. Ele era apontador. O que não está escrito é que ele tem quatro enteados para sustentar.
A história dele se encaixa direitinho nos números que o IBGE divulgou na terça-feira (25).
A taxa de desemprego no país subiu para 8,3% no segundo trimestre. Essa pesquisa tão detalhada, com dados do país inteiro, é recente, começou em 2012. Mas essa já a taxa mais alta desses três anos. E cresceu tanto na comparação com os primeiros três meses desse ano, quanto com o segundo trimestre do ano passado.
Hoje o país tem mais de oito milhões de pessoas procurando emprego. E não é só o número de desempregados que subiu. A qualidade do emprego caiu.
“Queda expressiva de quase um milhão no contingente de trabalhadores com carteira de trabalho assinada. Pessoas que antes tinham um emprego que dava a ela fundo de garantia, toda uma rede de proteção de seguro desemprego, descanso semanal, todo esse processo se perde”, afirmou Simar Azeredo, coordenadora da pesquisa - IBGE.
Até essa pesquisa, o desemprego sempre era mais alto no primeiro trimestre e depois vinha caindo. Foi assim em 2012. Início de 2013 subiu, caiu. Em 2014, também. Agora, a curva mudou.
“Pela primeira vez, a taxa de desemprego no segundo trimestre de um ano foi maior que a taxa de desemprego no primeiro trimestre daquele mesmo ano, o que mostra a força da recessão”, apontou José Marcio Camargo, economista da PUC-Rio.
A taxa de desemprego já quebrou a barreira dos 10% em quatro estados: Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Amapá. Em São Paulo, também preocupa, ficou em 9%, acima da média nacional. Por outro lado, Santa Catarina registra o menor índice do país.
Entre os jovens do país inteiro, a taxa passou de 18%. Michelle trabalhava numa loja e foi demitida há um mês. Decidiu se reinventar.
“Quando eu vi que não estava conseguindo emprego, resolvi entrar num curso de especialização em estética e mudar de ramo”, contou Michelle.
E aos 45 anos, o Flávio vai juntando todo o apoio que é possível. Já tem o dos motoristas. E assim, ele vai esperando o sinal fechar e a janela abrir. Porque a esperança cabe até numa frestinha, fininha como uma folha de papel
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