7/16/2015

Estação Cocal


Collor recebeu em mãos dinheiro de corrupção, dizem delatores

Ex-ministro do governo Collor teria intermediado desvio da BR Distribuidora.
G1 procurou senador e ex-ministro Leoni Ramos, mas não obteve resposta.

Vladimir Netto e Mariana OliveiraDa TV Globo, em Brasília


Delatores afirmaram em depoimentos a investigadores da Operação Lava Jato que o senadorFernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu pessoalmente dinheiro vivo resultante do esquema de corrupção na Petrobras – a TV Globo teve acesso ao teor dos depoimentos.
Antes de o dinheiro chegar às mãos do ex-presidente da República, afirmaram esses delatores, a quantia teria circulado em um carro-forte de uma empresa de valores e em carros blindados.
Segundo esses depoimentos, Collor foi destinatário de propina referente a um acordo que envolveu a BR Distribuidora para beneficiar uma rede de postos  a Aster, de propriedade do empresário Carlos Alberto Santiago, em cujo escritório a Polícia Federal apreendeu R$ 3,6 milhões nesta semana.
De acordo com os delatores, o principal articulador do acordo que teria resultado em propina para dirigentes da BR e para o próprio senador do PTB foi Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro de Assuntos Estratégicos do governo Collor.
G1 procurou o gabinete do senador Fernando Collor mas não consegui ouvi-lo até a última atualização desta reportagem. Também não localizou representantes da empresa Aster.
A assessoria do ex-ministro Leoni Ramos divulgou nota, cuja íntegra é a seguinte: "A assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni Ramos informa que ele já prestou todos os esclarecimentos às autoridades competentes, depoimento este que está sob sigilo, e reafirma a disposição dele para continuar colaborando com quaisquer outros questionamentos que forem necessários".
As informações serviram de base para as buscas realizadas na última terça-feira (14) pela Polícia Federal em diversos estados e que envolveram políticos na Operação Politeia. Ao todo foramcumpridos 53 mandados de busca e apreensão que se referem a seis políticos investigados no Supremo Tribunal Federal.
Os dados repassados pelos delatores ainda estão sendo investigados na Lava Jato - o acordo firmado por eles prevê redução de pena em troca de narrar fatos que possam colaborar para investigações – há possibilidade de anulação em caso de mentira. Além de comissão para diretores da BR – que também foram alvos de buscas nesta semana – houve, segundo o doleiro, pagamento de propina a Pedro Paulo e Collor. Ele relatou que uma parte da quantia foi entregue nas mãos do senador.O doleiro Alberto Youssef narrou, no depoimento, que foi procurado por Pedro Paulo Leoni Ramos para lavar dinheiro desviado da BR Distribuidora e que participou do acordo milionário para que a rede Aster passasse a ter a bandeira da BR.
Entregador do doleiro, Rafael Ângulo disse que entregou dinheiro vivo a Collor no apartamento dele, em São Paulo – R$ 60 mil em notas de R$ 100. E que chegou a pagar faturas do cartão de crédito do ex-ministro de Collor. A mando de Youssef, o entregador contou que usou carro blindado para buscar dinheiro no posto de Carlos Alberto Santiago. O dinheiro chegou num carro-forte, contou Ângulo aos investigadores.

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