(foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press) |
Mais de 12 horas após
a invasão na Embaixada da Venezuela na 803 Sul e após um
longo dia de negociações, o grupo de cerca de 15 pessoas (entre bolivianos,
venezuelanos e brasileiros) deixou pacificamente o local pela porta dos fundos
no final da tarde desta quarta-feira (13). A ação dos representantes do
opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente da Venezuela pelo Brasil,
tinha por objetivo que a equipe diplomática indicada por Guaidó para a
representação no Brasil assumisse as funções na embaixada. Até mesmo um quadro
com a foto dele foi levado para dentro do local para ser pendurada na parede. A
administração da embaixada, no entanto, é feita por funcionários nomeados por
Nicolás Maduro, que segue no poder.
Pela manhã, o movimento do
lado de fora com apoiadores de Maduro somou-se a representantes de partidos
como o PT e PSOL e contava com cerca de 250 manifestantes que pediam a saída
dos invasores. Em alguns momentos, houve início de confusão, prontamente
desfeita pela polícia com uso de gás de pimenta. Segundo contagem oficial da
Polícia Militar, o número de integrantes chegou a 100 ao longo da tarde. Uma
ambulância entrou no prédio para resgatar uma jovem de 25 anos que passou mal.
Com a saída dos opositores, houve comemoração.
Na tratativa com o
encarregado de negócios do país no Brasil, Freddy Menegotti, ficou acertado que
os opositores sairiam pelos fundos, escoltados pela Polícia Militar, em
liberdade. Os policiais também retiraram, sob vaias, os carros dos apoiadores
de Guaidó estacionados dentro da embaixada.
A intermediação da
retomada do controle da embaixada contou com a ajuda de políticos e com o
coordenador-geral de Privilégios e Imunidades do Ministério das Relações
Exteriores (MRE), Maurício Correia.
Em vídeo, a
embaixadora Maria Teresa Belandria Expósito afirmou que partiu dela as
instruções de retirada do pessoal dentro da embaixada, pois não poderia
garantir a segurança dos presentes. Expósito agradeceu ao presidente Jair
Bolsonaro pelo 'respaldo' e afirmou que iniciou junto à autoridade brasileira
um processo de negociação para que, conforme os interesses do Brasil e os
direitos legítimos venezuelanos possa retomar o mais cedo possível a sede
diplomata'.
Anteriormente,
Expósito relatou que os funcionários da embaixada “começaram a abrir as portas
e entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente
credenciada em Brasil".
Com a saída dos
invasores, o encarregado de negócios do país no Brasil, Freddy Menegotti,
agradeceu o apoio aos presentes e caracterizou o ato como ‘inumano e
terrorista’. “Revertemos os ataques de inimigos do processo bolivariano, da
turma inimiga do nosso governo. Entraram arbitrariamente e violentaram o espaço
venezuelano. Isso é muito grave. Buscaremos medidas jurídicas contra isso”,
declarou.
Questionado sobre a
ação de Bolsonaro frente à invasão, Menegotti disse que o chefe do Executivo
dificultou por ‘reconhecer um governo fictício e a presença de uma suposta
embaixadora’.
A deputada Sâmia
Bomfim (PSOL-SP), uma das parlamentares presentes, ressaltou que o governo
demorou a se posicionar sobre a invasão. “Bolsonaro, depois de muitas horas, em
função do Brics, se viu obrigado a dizer que não reconhecia a invasão. Mas não
nos enganemos. O filho, Eduardo, foi um dos primeiros a apoiar a invasão
golpista”, apontou.
Ela ressaltou que é
preciso estudar um tipo de punição aos invasores. “Tinha várias pessoas que não
eram venezuelanas e que ocuparam o espaço sem autorização. Isso é crime. Também
se seguiu um processo de permanência dentro da embaixada mesmo depois de Bolsonaro
ter reconhecido como invasão. Cabe à gente ir ao parlamento e à Comissão de
Relações Exteriores e garantir que haja algum encaminhamento. Buscar uma
punição para os responsáveis”, destacou.
Desde 2016 a Venezuela não
possui embaixador no Brasil, quando Nicolás Maduro chamou o representante de
seu governo em Brasília de volta a Caracas em protesto contra o impeachment de
Dilma Rousseff. Neste ano, o governo de Jair Bolsonaro reconheceu Guaidó como
presidente da Venezuela. Ele então recebeu a carta credencial da advogada
venezuelana María Teresa Belandria Expósito, nomeada representante da Venezuela
no Brasil por Guaidó.
No começo da tarde, a
assessoria de Comunicação Social do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
divulgou uma nota sobre o assunto. “Como sempre, há indivíduos inescrupulosos e
levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e
instabilidade. O Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito
menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela, por partidários do Sr.
Juan Guaidó”, dizia um trecho do documento.
Fonte: Correio Brasiliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário