11/11/2015

Estação Cocal

Cunha diz que é de bem com a vida e que não se irrita com críticas do PSDB

Partido divulgou nota em que volta a defender afastamento do peemededista.
Cunha disse que nunca houve 'aliança formal' e respeita posição do partido.

Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (11) que é uma pessoa de bem com a vida e que não se irrita com as críticas do PSDB. O partido voltou a pedir, mais cedo por meio de nota, o afastamento do peemedebista do cargo. Para os tucanos, as explicações dadas por Cunha sobre as contas no exterior são “insuficientes”.
Cunha responde a processo de cassação no Conselho de Ética da Casa sob acusação de ter mentido quando afirmou em depoimento à CPI da Petrobras que não era detentor de contas bancárias no exterior. Em entrevista ao G1 e à TV Globo, ele se intitula "usufrutuário", mas não dono, de ativos no exterior e explicou que fez fortuna quando exportou carne entalatada para países da África na década de 1980.
Questionado se havia ficado irritado com a mudança de posição do PSDB, Cunha negou: “Eu estou irritado? Eu sou uma pessoa de bem com a vida, não me irrito assim tão fácil”. Segundo Cunha, a posição do PSDB "não altera uma vírgula" a sua rotina e  renunciar "não está em discussão".

Até então um dos principais partidos aliados de Cunha na Câmara, o PSDB disse que mudou de posicionamento diante das alegações apresentadas por ele, que consideraram um "desastre". "Respeito a posição do PSDB, mas não concordo com ela", afirmou Cunha.

E acrescentou: "Cada um tem o direito de se posicionar como quiser. Não vou criticar. Se eu for criticar cada um que ficar contra mim, também vou ter que aplaudir cada um que ficar a favor. Acho que isso é da política, normal".

Ele disse, ainda, não ver a mudança de posição como um rompimento porque nunca houve uma aliança formal. “O PSDB não me apoiou na minha eleição de presidente. O PSDB, aliás, teve um candidato, que foi o Júlio Delgado, que está investigado na Lava Jato por ter recebido recursos do Ricardo Pessoa. Tem inquérito e tudo. Esse foi quem o PSDB apoiou na eleição”, afirmou.

Aliados de Cunha ouvidos pelo G1 disseram, porém, que ele ficou “enfurecido” com a decisão da bancada do PSDB de divulgar uma nota pedindo seu afastamento. O peemedebista teria dito que houve “deslealdade” por parte da legenda da oposição. Um dia antes de assinar a nota, Carlos Sampaio almoçou na residência oficial do presidente da Câmara, junto com outros deputados considerados “aliados”.

O peemedebista declarou ainda que as críticas do PSDB em nada mudarão o seu tratamento em relação ao partido. "O PSDB, eu tratei, como continuarei tratando, com a deferência normal de um partido relevante que [...] é o principal contraponto político ao governo", disse.

Na avaliação do presidente da Câmara, o novo posicionamento do PSDB não afetará a sua situação no Conselho de Ética pois já não estava contando com os votos dos dois representantes da sigla no colegiado. "Já publicamente, desde o primeiro minuto, eles declararam o voto contrário", afirmou.

Ele assegurou que o distanciamento do PSDB não influenciará a sua decisão em torno dos pedidos de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff que estão sob sua análise. Ao lado de outras siglas de oposição, o PSDB tem pressionado Cunha há meses para dar início ao afastamento da petista. "Minha decisão será dada de forma técnica", destacou. Ele confirmou que deve dar uma posição sobre o impeachment até o fim deste mês.

Cunha avaliou que a apresentação da sua defesa foi no momento oportuno e, questionado, não quis fazer um balanço da repercussão no meio político. "Não tenho avaliar se o balanço foi positivo ou negativo, eu tenho que trabalhar com a verdade", disse
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