11/03/2015

Estação Cocal

Marin se diz inocente, e Justiça dos EUA determina fiança de R$ 57 mi

Audiência na Corte Federal do Brooklyn é antecipada, ex-presidente da CBF declara inocência e ficará em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico em Nova York

Por Nova York

A Justiça americana decidiu nesta terça-feira o valor da fiança para José Maria Marin: US$ 15 milhões (R$ 57 milhões). Com aparência cansada poucas horas após ter desembarcado em Nova York, Marin permaneceu sentado durante a audiência na Corte Federal do Brooklyn, ao lado da esposa Neusa, e contou com tradução simultânea durante seu depoimento. Acusado de receber propinas em negociações de direitos esportivos, o ex-presidente da CBF se declarou inocente, mas ficará em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Uma nova audiência está marcada para o dia 16 de dezembro.
José Maria Marin deixa corte no Brooklyn (Foto: Reuters)José Maria Marin ao deixar corte no Brooklyn (Foto: Reuters)
Com a prisão domiciliar nos Estados Unidos, ele poderá sair de casa para ir à igreja, ao médico e fazer compras uma vez por semana, desde que o FBI seja devidamente avisado. Nenhuma dessas saídas pode ser noturna. 
Marin estava preso em Zurique desde o dia 27 de maio e foi extraditado para os Estados Unidos nesta terça. Seu voo chegou a Nova York por volta das 16h (de Brasília). A princípio, a audiência com o juiz Raymond Dearie seria na quarta, às 13h (de Brasília, 10h no horário local), mas foi antecipada para esta terça e pegou até a esposa de Marin de surpresa: Neusa chegou à corte de taxi, quando a sessão já havia começado. Foi o primeiro encontro entre Marin e a esposa desde 27 de maio, quando estourou o escândalo que o levou para a cadeia na Suíça. 
Em um determinado momento, o juiz chegou a perguntar se o dirigente estava se sentindo bem. No final, Marin mostrou-se emocionado ao abraçar a mulher. A expectativa é que o ex-presidente da CBF durma em seu apartamento na Trump Tower, um dos prédios mais famosos e badalados de Manhattan, localizado na Quinta Avenida. 
José Maria Marin deixa corte no Brooklyn (Foto: Reuters)José Maria Marin ficará em prisão domiciliar em NY e poderá sair para ir ao médico e à igreja (Foto: Reuters)

Aos 83 anos, Marin é acusado de receber e repartir propinas num esquema de corrupção na venda de direitos de TV de vários torneios realizados no Brasil e na América do Sul. O valor chegaria a US$ 6 milhões, envolvendo as edições da Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023, e também da Copa do Brasil de 2013 a 2022. O dirigente virou alvo das autoridades americanas porque usou empresas e bancos dos EUA para fazer transações financeiras. Em 27 de maio, pouco antes das últimas eleições para presidente da Fifa, o brasileiro foi preso com outros seis dirigentes da entidade.
José Maria Marin deixa corte no Brooklyn (Foto: Reuters)Após se declarar inocente, José Maria Marin evita falar com a imprensa na saída da corte (Foto: Reuters)

Com o acordo para pagar US$ 15 milhões, Marin poderá ficar na prisão domiciliar em seu apartamento. O valor é uma garantia que ele vai cumprir o acordo feito com a justiça americana - todos os detalhes ainda não foram revelados. Em julho, Jeffrey Webb - ex-presidente da Concacaf e ex-vice da Fifa envolvido no mesmo escândalo de corrupção - fez acordo de US$ 10 milhões. Já o empresário argentino Alejandro Burzaco, também indiciado no processo, teve fiança de US$ 20 milhões.
corte do brooklyn - Marin - NY (Foto: Martin Fernandez)Corte Federal do Brooklyn é o local da audiência de José Maria Marin com a justiça americana (Foto: Martin Fernandez)
No caso de Webb, ele também ficaria em Nova York, mas acabou recebendo autorização para mudar de cidade. Sua defesa alegou que os custos de morar em Nova York e ainda ter que pagar pela empresa de segurança que fazia sua vigilância estava "causando muitos danos" para a família do cartola. O juiz Raymond Dearie aceitou o pedido e Webb está em outra residência no estado da Georgia.
A investigação que resultou na prisão de Marin afetou também a vida de outros cartolas  brasileiros - cujos nomes não foram apontados na denúncia - mas que estão sendo investigados - como o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. e o atual presidente, Marco Polo Del Nero.
Após as prisões de maio em Zurique, os hábitos mudaram para boa parte da elite do futebol mundial. O ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, que viajava pelo mundo inteiro, praticamente não saiu da Suíça. E Marco Polo Del Nero não deixou mais o território brasileiro.
Entrada Trump Tower apartamento José Maria Marin Nova York (Foto: GloboEsporte.com/Martin Fernandez)Apartamento de Marin fica na Trump Tower, prédio badalado em Nova York (Foto: GloboEsporte.com/Martin Fernandez)

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