9/03/2015

Estação Cocal

Investigação da Lava Jato vê indícios de corrupção em casos de deputados

PF concluiu inquéritos e enviou relatórios ao Supremo Tribunal Federal.
Nelson Meurer e Vaccarezza não se manifestaram. Loubet divulgará nota.

Renan Ramalho e Mariana OliveiraDo G1 e da TV Globo, em Brasília

A Polícia Federal concluiu mais duas investigações sobre políticos supostamente beneficiados por propina da Petrobras. Em relatórios enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF apontou indícios de corrupção e lavagem de dinheiro nos casos dos deputados Neuson Meurer (PP-PR) e Vander Loubet (PT-MS) e também pelo ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Nos inquéritos, a PF informou que eles receberam vantangens indevidas em razão do mandato parlamentar por intermédio do doleiro Alberto Youssef, acusado de operar pagamento de propina a políticos.
Agora, o ministro Teori Zavascki, que supervisiona as investigações no STF, deverá enviar os relatórios para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem decidirá se as acusações serão transformadas em denúncias, se os casos serão arquivados ou se serão pedidas novas diligências à PF.
Versões dos parlamentares
À TV Globo, a defesa do deputado Nelson Meurer (PP-PR) afirmou que só vai se pronunciar sobre o caso depois de ter acesso a integra do relatório da Polícia Federal. O advogado Michel Saliba disse confiar na inocência do deputado.

A defesa do ex deputado Cândido Vacarezza  também informou que só vai comentar o caso depois de ter acesso ao relatório da PF.
A assessoria do deputado Vander Loubet (PT-MS) informou que divulgará uma nota, o que não tinha ocorrido até a última atualização desta reportagem.
As acusações
Segundo a PF, Meurer recebeu propina em duas parcelas de R$ 250 mil, que teriam sido pagas entre agosto e setembro de 2010 "travestidas de doações" da Construtora Queiroz Galvão a pedido do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Os investigadores dizem que o pagamento foi feito em forma de doações para a campanha eleitoral "de modo a ocultar a natureza dos valores".
A PF também narrou que Meurer teria obtido vantagens indevidas de contratos da diretoria de Abastecimento de 2008 a 2013, indo pessoalmente a escritórios de Youssef em São Paulo e também mediante entregas realizadas por Rafael Angulo, emissário do doleiro.  No total, os pagamentos totalizaram R$ 1,65 milhão. A PF apontou repasses de R$ 52 mil ao deputado por meio de um posto de gasolina em Brasília entre 2009 e 2010."Tais doações, caracterizam-se em verdade como atos de lavagem, verdadeira 'ocultação às claras', porquanto a doação, em si, respeitadas as normas eleitorais, não ofende bem jurídico tutelado, porém, quando eivado de ilegalidade na sua essência e motivação, revela-se na verdade como instrumento de consumação ou exaurimento de corrupção".
Em relação a Loubet, a PF concluiu, com "provas testemunhais e documentais", recebimento de R$ 1 milhão por intermédio de Alberto Youssef, a mando de Pedro Paulo Leoni Ramos, que já foi denunciado junto com o senador Fernando Collor (PTB-PTB) na Lava Jato.
Segundo a PF, ele fez um empréstimo a um advogado que é cunhado de Loubet, parte entregue em espécie e parte depositada em contas de pessoas que apoiaram o deputado durante a campanha eleitoral de 2012, quando concorreu à Prefeitura de Campo Grande.
No mesmo inquérito, a polícia também constatou indícios de que Vaccarezza, em razão do cargo de deputado federal, recebeu "valores indevidos", em seu apartamento, de Youssef, também a pedido de Paulo Roberto, para a campanha eleitoral de 2010.
Arthur Lira e Benedito de Lira
Na última terça-feira, a PF também apontou ao STF indícios de corrupção passiva após a conclusão dos inquéritos abertos para apurar a participação do deputado Arthur Lira (PP-AL) e de seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL), no esquema investigado pela Lava Jato. Os dois parlamentares negam as acusações.

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