9/03/2015

Estação Cocal

Ricardo Pessoa diz à Justiça que pagou propina a Barusco e Vaccari

Afirmação foi feita em audiência de ação penal da Lava Jato, na quarta (2).
Dono da UTC Engenharia prestou primeiro depoimento como delator.

Do G1 PR
No primeiro depoimento que prestou à Justiça Federal depois de homologar o acordo de delação premiada com o Supremo Tribunal Federal (STF), o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, disse que pagou propina para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e para o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto.
O delator prestou depoimento na tarde de quarta-feira (2), em Curitiba, na audiência referente à ação penal contra a construtora Odebrecht, um dos alvos da 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em junho.
"Paguei [propina] pro Pedro Barusco. Renato Duque [ex-diretor de Serviços da Petrobras] sempre me encaminhou pro senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão do senhor Renato Duque, mas era sempre encaminhado o assunto pro senhor João Vaccari", relatou.
Pessoa foi preso na 7ª etapa da operação, em novembro do ano passado, junto com diversos executivos e ex-executivos de empreiteiras. Ele foi solto em abril para cumprir prisão domiciliar. Pessoa é réu em processo originado na Lava Jato, mas ainda não foi condenado.
Ele ainda disse que, a pedido de Duque, fez contribuições políticas por meio do Vaccari. Estas contribuições, segundo o delator, eram parte do acerto de propina e eram depositadas diretamente na conta do PT.
Pessoa também afirmou que, para a diretoria de Serviços, o primeiro acerto era feito com Barusco e, depois, com o Vaccari, a pedido do Duque.Questionado sobre os valores das propinas, Pessoa afirmou que havia um parâmetro: "A referência inicial era para a diretoria de Serviços, 1%. Para a diretoria de Abastecimento, 1%. Mas isso era só referência e caberia a negociação depois de cada um. Eu, por exemplo, sempre negociei o máximo que eu pude. Negociei para baixo, evidentemente".
Já no caso da diretoria de Abastecimento, cujo diretor era Paulo Roberto Costa, a propina era tratada com o ex-deputado José Janene (PP-PR). Após a morte dele, em 2010, o doleiro Alberto Youssef "passou a ser o interlocutor mais imediato e mais direto", conforme o executivo.
Quanto à Odebrecht, Pessoa disse que se relacionava com Márcio Faria, que, depois de ser preso na 19ª fase da Lava Jato, se afastou da empresa. De acordo com o delator, Faria participava de reuniões das empreiteiras para negociar os contratos.
O advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Barusco e de Youssef, informou que os dois já confirmaram que receberam propina. O advogado de Renato Duque, Roberto Brzezinski disse que não pode se manifestar a respeito das declarações do presidente da UTC. "Eu estava na audiência. Eu preciso ler a delação premiada para entender o contexto em que ele falou isso", pontuou.
G1 tenta contato com os advogados dos demais citados por Pessoa no depoimento à Justiça Federal.

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