Ricardo Boechat começou no jornalismo na coluna de Ibrahim Sued |
Ricardo Boechat era da rádio
Bandnews FM e da TV Bandeirantes. Entre outros órgãos de imprensa, também
trabalhou no jornal “O Globo” e na TV Globo.
Para um homem que adorava as
palavras, há muito a ser dito. Mas nesta segunda-feira (11) ficou difícil.
Ricardo Eugênio Boechat, o mais brasileiro dos argentinos, nascido em Buenos
Aires e criado em Niterói, nesta segunda, fez o Brasil molhar os olhos e se
calar.
A rádio Bandnews FM, onde
Boechat dava expediente todos os dias pela manhã, fez silêncio nesta tarde de
11 de fevereiro de 2019.
“Momentaneamente a
origramação da Bandnews FM estará fora do ar”.
Boechat, um dos sete filhos
de pais professores, trabalhava desde os 17 anos. Primeiro, o jovem cabeludo,
que adorava ler, abandonou a escola e foi vender livros. Mas durou pouco.
Em depoimento ao jornalista
Aziz Ahmed, para o livro “Memórias da imprensa escrita”, Boechat conta que sua
habilidade para escrever o levou à redação do extinto “Diário de Notícias”.
“Fui vender livro pro Kleber
Saboia, ele disse: ‘Você gosta tanto de escrever, você está sempre tão
interessado em política, em coisas do mundo, onde você pretende chegar vendendo
livro? Vai no Diário de Notícia’. Lá fui eu. Minha carteira foi assinada entre
aspas. Primeira carteira de trabalho tinha repórter entre aspas”.
As aspas ainda estão ali,
mas não limitaram a paixão que nascia.
“Eu ficava no jornal
rigorosamente das 8:30 da manhã, quando não havia nada nem ninguém no jornal,
até o último dos linotipistas. O que eu ia fazer em Niterói? O mundo tinha
mudado de foco para mim, de eixo, eu agora era um jornalista. Eu estava fazendo
coisas, não estava mais estudando, aguentando professor, cumprindo horários. Não
que eu tenha optado pelo jornalismo, ao optar por alguma coisa produtiva aquilo
me conquistou inteiramente. Não era uma vocação talvez, mas uma necessidade.
Ficava o dia inteiro na redação, era muito devotado àquilo ali e o Nilo Dante
passou por mim e disse: ‘Oh, garoto, você quer fazer um bico’? Eu respondi:
‘Ah, quero’. ‘Então vai nesse endereço aqui sábado em Copacabana e procura o
Ibrahim Sued’”, disse ele em depoimento ao projeto Memória Globo.
Ibrahim Sued, do “Diário de
Notícias”, era o maior nome do colunismo social do país.
“Ele era muito exigente, ele
queria que os repórteres dele fossem capazes de entrar em qualquer ambiente, de
furar qualquer bloqueio, de chegar às fontes primárias, fossem quais fossem. Eu
entrei pra cobrir férias e fiquei quase 14 anos. Eu acho que eu desenvolvi este
calo na orelha por causa de telefone, eu nunca fiz artes marciais”, contou ele.
Depois do calo na orelha, um
salto gigante. Em 1983, após a morte de Ibrahim Sued, Ricardo Boechat passou a
assinar a coluna do Swann, no jornal “O Globo”, uma das mais importantes do
jornalismo brasileiro.
Boechat passou ainda pelo
“Jornal do Brasil”, “O Estado de S.Paulo”, “O Dia” e revista “Isto é”.
Desde 2006, apresentava o
Jornal da Band e era âncora da Bandnews FM.
Fonte: G1
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