Pessoas que estavam em uma
picape e em uma retroescavadeira dentro da Mina do Feijão, da Vale, no momento
do rompimento da barragem, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, no dia 25 de janeiro, estão vivas.
O operador mantenedor de
saneamento Sebastião Gomes estava cuidando do tratamento de água da mina e
conseguiu escapar. Em depoimento à Polícia Civil, ele disse que machucou o
braço e os dois joelhos e que está muito abalado.
Em uma das imagens que
a TV Globo e o G1 tiveram acesso, uma picape aparece no lado esquerdo do vídeo
tentando escapar do tsunami. O operador e o amigo Elias estariam dentro do
carro.
Ele contou que técnicos da
Vale afirmavam aos funcionários, em reuniões de emergência, que não havia risco
de a barragem romper. Mas ele e colegas de trabalho desconfiavam que isso
poderia acontecer.
No vídeo, Sebastião diz que
ficava assustado com os drenos da barragem, de onde saía água dia e noite. Ele
contou ainda que quando a estrutura arrebentou, achou que o estrondo era o
barulho de um pneu de caminhão de grande porte.
Ele viu uma imensa nuvem de
poeira e vários vagões carregados de minério que estavam vindo em sua direção.
Só aí entendeu o que tinha acontecido. Um colega correu para um caminhão e
gritou pra ele ir para a caminhonete branca, onde outro amigo, Elias, estava
tentando fugir.
A caminhonete foi atingida
em cheio pela onda de lama. Sebastião e o amigo viram, com desespero, uma
locomotiva indo em direção ao carro. Foi aí que eles começaram a rezar. Para
Sebastião, foi a locomotiva que salvou a vida deles. Ela foi empurrada pela lama
para debaixo da caminhonete, que foi jogada pra cima e não foi encoberta.
Quando a onda passou, ele
usou o rádio para pedir socorro. Todas as faixas da frequência estavam
congestionadas com pedidos de ajuda. Sebastião e Elias saíram do carro para
ajudar outros amigos, cavando a lama com as mãos e com a ajuda de partes da
lataria de um trator.
O sobrevivente contou que
conseguiu ligar para filha e passou a localização de onde estavam. Ele
recebeu uma ligação de uma funcionária da Vale e comunicou que havia feridos
no local. Pouco depois, Sebastião e os outros colegas foram resgatados pelos
bombeiros.
O homem que escapou quase
que por milagre dessa tragédia humana que já é considerada pelo Corpo de
Bombeiros como a mais grave da história em Minas Gerais encerrou o depoimento
pedindo que as causas do rompimento da barragem sejam esclarecidas e que os
peritos avaliem se explosões de minas adjacentes influenciaram em sua
ruptura.
Fonte: Jornal Nacional
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