O Ninho do Urubu pertence ao
clube desde a década de 1980 e, nos últimos anos, passou por várias melhorias.
O local onde aconteceu o incêndio seria desativado em poucos dias.
Ninho do Urubu: assim é
chamado o centro de treinamento que, oficialmente, leva o nome do ex-presidente
George Helal, homenageado com uma estátua na entrada do CT. Foi na
administração de Helal, nos anos 80, que o clube comprou o terreno, na Zona
Oeste do Rio, com o dinheiro da venda de Zico para a Udinese da Itália.
Mas até erguer o CT, décadas
se passaram. O clube contou com doações de torcedores, teve um longo período
com dificuldades financeiras. E, só em 2010, o time adotou o Ninho como local
de treinamento, ainda em condições precárias.
Em 2016, um módulo novo, que
custou R$ 15 milhões, elevou o Ninho a um novo patamar: academia, alojamentos;
tudo ainda voltado para o time profissional. Mas, como o espaço já contava com
cinco campos de futebol, passou a receber também os treinos das divisões de
base e a alojar alguns jogadores.
Quando a situação econômica
melhorou para o clube, a diretoria decidiu construir um novo módulo, ainda mais
luxuoso. Investiu R$ 26 milhões e inaugurou, no fim de 2018, a versão nova do
atual Ninho do Urubu, com mais de 5 mil metros quadrados de área construída.
São 42 suítes.
Bem atrás desse novo prédio,
fica o local do incêndio. A única estrutura mais antiga que restava no CT: o
alojamento da base, que seria, aos poucos, desativado e recebia meninos das
categorias sub-15 e sub-17.
Passar pelo portão e ser
jogador do Flamengo é o desejo de muitos meninos brasileiros. O clube é, por
exemplo, o atual campeão da Copa do Brasil categoria sub-17, campeão carioca
sub-15. Os jogadores que são aprovados, mas não vivem na cidade, não têm
família no Rio, podem viver dentro do clube, nos alojamentos. E, como o treino
da manhã desta sexta-feira (8) tinha sido cancelado pela comissão técnica, nem
todos os que vivem no alojamento dormiram lá esta noite.
É o caso de Ryan, meio-campo
do sub-17 do Flamengo. “Eu durmo lá todo dia, normal. Mas como não vai ter
treino amanhã, cancelaram, a minha mãe ficou insistindo para eu vir para casa.
Eu só ia vir hoje depois do almoço, mas como ela insistiu muito, eu vim ontem”,
conta.
Ryan é amazonense e os
empresários dele alugaram recentemente um apartamento para a mãe viver no Rio,
perto do filho. “Logo que acordei, tinham muitas ligações, muitas mensagens de
amigos, pensando que eu estava lá no meio”, diz.
Ryan costumava dormir ao
lado de um dos mortos no incêndio: “Com o Bernardo, ele era como um irmão para
mim. Lá dentro, é como se fosse uma segunda família”.
Ele tem uma explicação para
o fato de ter escapado: “Livramento de Deus, né? Porque se não fosse Deus, eu
poderia ser um deles lá”.
Segundo o jogador, de 15
anos, eram 36 atletas alojados, seis em cada quarto. “Os quartos são
confortáveis, têm ar-condicionado. Tudo direitinho. Mas eu acho que foi mais
porque estava todo mundo dormindo”.
E, segundo uma fonte do
Flamengo, 26 deles passaram a noite no clube. Para Ryan, a retomada de treinos
e jogos vai ser muito difícil: “A gente convivia junto, todos os dias, e agora
vai ficar um vazio muito grande sem eles. Eu queria mandar uma mensagem para a
família de todos, que conforte seus corações, que Deus sabe de todas as
coisas”.
Fonte: Jornal Nacional
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