2/08/2019

Flamengo comprou terreno do Ninho do Urubu com venda de Zico para Itália


O Ninho do Urubu pertence ao clube desde a década de 1980 e, nos últimos anos, passou por várias melhorias. O local onde aconteceu o incêndio seria desativado em poucos dias.
Ninho do Urubu: assim é chamado o centro de treinamento que, oficialmente, leva o nome do ex-presidente George Helal, homenageado com uma estátua na entrada do CT. Foi na administração de Helal, nos anos 80, que o clube comprou o terreno, na Zona Oeste do Rio, com o dinheiro da venda de Zico para a Udinese da Itália.
Mas até erguer o CT, décadas se passaram. O clube contou com doações de torcedores, teve um longo período com dificuldades financeiras. E, só em 2010, o time adotou o Ninho como local de treinamento, ainda em condições precárias.
Em 2016, um módulo novo, que custou R$ 15 milhões, elevou o Ninho a um novo patamar: academia, alojamentos; tudo ainda voltado para o time profissional. Mas, como o espaço já contava com cinco campos de futebol, passou a receber também os treinos das divisões de base e a alojar alguns jogadores.
Quando a situação econômica melhorou para o clube, a diretoria decidiu construir um novo módulo, ainda mais luxuoso. Investiu R$ 26 milhões e inaugurou, no fim de 2018, a versão nova do atual Ninho do Urubu, com mais de 5 mil metros quadrados de área construída. São 42 suítes.
Bem atrás desse novo prédio, fica o local do incêndio. A única estrutura mais antiga que restava no CT: o alojamento da base, que seria, aos poucos, desativado e recebia meninos das categorias sub-15 e sub-17.
Passar pelo portão e ser jogador do Flamengo é o desejo de muitos meninos brasileiros. O clube é, por exemplo, o atual campeão da Copa do Brasil categoria sub-17, campeão carioca sub-15. Os jogadores que são aprovados, mas não vivem na cidade, não têm família no Rio, podem viver dentro do clube, nos alojamentos. E, como o treino da manhã desta sexta-feira (8) tinha sido cancelado pela comissão técnica, nem todos os que vivem no alojamento dormiram lá esta noite.
É o caso de Ryan, meio-campo do sub-17 do Flamengo. “Eu durmo lá todo dia, normal. Mas como não vai ter treino amanhã, cancelaram, a minha mãe ficou insistindo para eu vir para casa. Eu só ia vir hoje depois do almoço, mas como ela insistiu muito, eu vim ontem”, conta.
Ryan é amazonense e os empresários dele alugaram recentemente um apartamento para a mãe viver no Rio, perto do filho. “Logo que acordei, tinham muitas ligações, muitas mensagens de amigos, pensando que eu estava lá no meio”, diz.
Ryan costumava dormir ao lado de um dos mortos no incêndio: “Com o Bernardo, ele era como um irmão para mim. Lá dentro, é como se fosse uma segunda família”.
Ele tem uma explicação para o fato de ter escapado: “Livramento de Deus, né? Porque se não fosse Deus, eu poderia ser um deles lá”.
Segundo o jogador, de 15 anos, eram 36 atletas alojados, seis em cada quarto. “Os quartos são confortáveis, têm ar-condicionado. Tudo direitinho. Mas eu acho que foi mais porque estava todo mundo dormindo”.
E, segundo uma fonte do Flamengo, 26 deles passaram a noite no clube. Para Ryan, a retomada de treinos e jogos vai ser muito difícil: “A gente convivia junto, todos os dias, e agora vai ficar um vazio muito grande sem eles. Eu queria mandar uma mensagem para a família de todos, que conforte seus corações, que Deus sabe de todas as coisas”.

Fonte: Jornal Nacional


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