2/26/2019

Venezuela autoriza brasileiros doentes e recém-operados a atravessar fronteira


No fim deste quinto dia de fronteira fechada, o governo venezuelano autorizou a passagem de brasileiros que estavam na cidade de Santa Elena. Os primeiros a atravessar foram os doentes ou recém-operados.
Foi por uma rota clandestina que as duas amigas - Fabiana e Silvania - conseguiram alcançar o território brasileiro. Elas tinham feito cirurgias plásticas na Venezuela e caminharam 40 minutos sob o sol forte. Chegaram passando mal. Tiveram de ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros ainda na trilha que passa longe do posto de controle da fronteira. Uma delas teve de ser levada de maca até uma ambulância.
Outro brasileiro também chegou, nesta terça-feira (26), andando: o caminhoneiro Josué Rodrigues. Ele disse que 37 caminhões estavam parados a dez quilômetros da fronteira, mas seus colegas estavam bem: "Eu sou brasileiro. Eu poderia muito bem 'meter o pau' nos venezuelanos. Não. Estão tratando a gente com respeito, com decência. Eles não podem dar aquilo que eles não têm".
No começo da tarde, uma reunião entre os militares brasileiros e venezuelanos, bem em cima da linha de fronteira. Parecia ser o fim da negociação para a liberação de mais de 70 brasileiros que, nesta segunda-feira (25), lotaram o vice-consulado do Brasil na cidade de Santa Elena de Uairén, a 17 quilômetros da fronteira, querendo voltar para o Brasil.
Ainda não era o sinal verde, mas um começo. O governo de Nicolás Maduro tinha deixado que o vice-cônsul do Brasil em Santa Elena, Ewerton Oliveira, pegasse comida e remédios para levar para os brasileiros. Mais tarde, ele poderia trazer de volta os que estão doentes ou que foram operados. Os outros ainda não.
No fim da tarde, um grupo conseguiu atravessar a fronteira em direção ao território brasileiro. "Muito feliz por estar de volta, em casa", disse uma das mulheres que estava no grupo.
Longe dali, na capital, Caracas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que o líder opositor, Juan Guaidó, que está na Colômbia, vai ter que enfrentar a Justiça, caso ele volte para a Venezuela.
Guaidó foi proibido de deixar o país e teve contas bloqueadas pelo Tribunal Supremo de Justiça, que é alinhado com o regime de Maduro. Os assessores dele disseram que esta terça-feira (26) seria o último dia em Bogotá e, até o fim da semana, retornaria à Caracas.
Guaidó, que se autoproclamou presidente interino e foi reconhecido por 50 países, deu uma entrevista a um canal de notícias colombiano em que reafirmou que vai voltar ao país, apesar do risco de ser preso.
Enquanto a crise política continua na Venezuela, a ajuda humanitária está esquecida. Os dois pequenos caminhões que os aliados de Juan Guaidó conseguiram trazer até a fronteira estão estacionados do lado brasileiro, dentro de um batalhão do Exército, e as toneladas de comida e remédios estão guardadas. Ninguém sabe ainda o que será feito delas.
No entanto, perto dali, em uma comunidade que nasceu com a chegada dos venezuelanos que fugiam da crise, a fome continua marcando vidas. Erica Jamile, que fugiu para o Brasil há quatro meses, diz que quando a fome aperta, sai para caminhar: "Às vezes caminho por aí para ver se me dão algo. Como somos família, nos ajudamos".


Fonte: Jornal Nacional


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