Cinco meses depois de ser
destruído por um incêndio, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, recebeu, nesta
terça-feira (12), pessoas que não trabalham na instituição. Foi possível ver o
que restou das instalações e acompanhar o trabalho minucioso de recuperação do
acervo que sobrou, peça por peça.
O resgate começou pelo alto.
Os pesquisadores do Museu Nacional tiveram que aprender a trabalhar pendurados.
“Um guindaste pegava esses
pesquisadores, levantava eles numa espécie de gaiola e levava para as partes
altas do museu. Minha sala ficava naquelas duas janelas lá. Eu descia de
guindaste e ficava lá em cima procurando alguma coisa que pudesse... Isso foi feito
em várias áreas do museu”, contou Sérgio Alex Azevedo, professor de
paleontologia da UFRJ e pesquisador do Museu Nacional.
Algumas paredes ficaram em
pé, mas, atrás delas, só entulho. Bem diferente de como era antes. “É bem
difícil voltar aqui, subir por essa entrada principal por onde passavam cerca
de 300 mil visitantes por ano em busca de encontrar a história do Brasil, e
encontrar isso aqui”, fala a repórter Mônica Sanches.
Vigas retorcidas, fios
derretidos. Num canto, um velho extintor; em outra parede, a caixa de luz
queimada. A causa do incêndio ainda é um mistério. A Polícia Federal espera a
conclusão de um laudo técnico.
Por todo o lado, dá para ver
as marcas do fogo e os pedaços do passado que teimam em resistir. A homenagem
ao botânico alemão, os símbolos da monarquia. Num espaço, o que sobrou do
acervo da mineralogia.
Armários de ferro -
resistentes, antigos, encontrados com as gavetas fechadas, - renderam boas
surpresas para os pesquisadores. Nesta parte do acervo, já foram encontradas
mil peças.
“Só que aqui tinha 70 mil
exemplares, né? Então, vamos ver o que a gente vai conseguir retirar. A gente
tem esperança que esse material esteja em boas condições”, disse a pesquisadora
Luciana Carvalho.
O museu virou um campo de
pesquisa arqueológica, um garimpo. Das ruínas, surgem ossos, conchas, pedras,
pedaços de vasos feitos por índios. Em cinco meses de buscas, os pesquisadores
já encontraram 2 mil itens.
Esse trabalho vai continuar
até o fim de 2019. Ainda não há prazo para a restauração total do prédio.
“Tem nos surpreendido de uma
forma extremamente positiva, e que nos dá um problema. Precisamos de mais
espaço, de mais contêineres e mais infraestrutura para continuar este trabalho.
Ou seja, nós estamos agora conseguindo, felizmente, recuperar parte da história
brasileira, graças a este grupo de pessoas que está se dedicando todos os dias
para fazer essa atividade”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander
Kellner.
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