A crise no Palácio do
Planalto, envolvendo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo
Bebianno, e o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República,
ganhou novos contornos nesta quinta-feira (14).
Mais um dia de agenda sem
compromissos oficiais. Nem onde estava prevista, a presença de Gustavo Bebianno
se confirmou. A assessoria chegou a dizer que ele participaria de manhã de uma
reunião na Casa Civil, mas depois informou que foi um erro da agenda. O
ministro da Secretaria-Geral encarna a primeira grande crise no núcleo do
governo.
O estopim foi a reportagem
do jornal “Folha de S.Paulo” sobre suspeita de candidatura laranja no PSL,
partido de Jair Bolsonaro. De acordo com a reportagem, o grupo do atual
presidente da legenda, Luciano Bivar, deu R$ 400 mil para uma candidata laranja
em Pernambuco na eleição passada.
Essa denúncia fez surgir
rumores de que Gustavo Bebianno, que presidia o PSL na época, poderia ser
demitido do cargo. O ministro negou desgaste. Chegou a dizer, em entrevista ao
jornal “O Globo”, que falou com o presidente três vezes, após rumores de crise
no governo. Bebbiano disse que a conversa foi por aplicativo de mensagem.
O filho do presidente,
Carlos Bolsonaro, rebateu. Disse que esteve 24 horas ao lado do pai e que
Bebianno mentiu, não falou com o presidente.
Horas depois, o próprio
Bolsonaro endossou, publicamente, a tese da mentira. Em entrevista à TV Record,
nesta quarta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro disse que é mentira que
ele tenha conversado com o ministro Bebianno. Ele disse que já mandou a Polícia
Federal investigar o caso e, se ficar comprovado o envolvimento do ministro,
“lamentavelmente o destino não pode ser outro, a não ser voltar aí, às suas
origens”.
Nesta quinta-feira (14), o
ministro da Justiça, Sérgio Moro, confirmou que a Polícia Federal vai apurar as
suspeitas de candidaturas laranjas do PSL: “O senhor presidente Jair Bolsonaro
proferiu uma determinação, a determinação está sendo cumprida. Os fatos vão ser
apurados e eventuais responsabilidades, após as investigações, vão ser
definidas”.
Uma suspeita semelhante de
irregularidade com verba do PSL já havia sido apontada, pelo mesmo jornal
“Folha de S.Paulo”, contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. No
dia 4 de fevereiro, a reportagem mostrou que o ministro direcionou verba
pública de campanha para empresas ligadas a seu gabinete na Câmara, a partir de
quatro candidaturas do partido em Minas Gerais, onde era presidente da legenda.
Mas essa denúncia não teve o
mesmo efeito bomba como agora, com Bebianno. A crise de agora atingiu em cheio
o Palácio do Planalto.
O entorno do presidente não
esconde o incômodo com o acirramento do conflito, mas entre apoiar o ministro
ou o filho do presidente, os aliados mais próximos preferem dar apoio a
Bebianno. E é aí que entram os bombeiros de plantão, sugerindo calma.
A deputada do PSL, Joice Hasselman,
disse que Bebianno deve ser investigado, mas não pode ser descartado somente
pelas suspeitas. E disse que há uma preocupação com o reflexo desse desgaste no
Congresso: “Os líderes estão um pouco preocupados, né? Com esse ruído todo que
está se criando. Nós temos um Brasil para tocar, uma reforma da Previdência
para aprovar. Nós temos uma base para consolidar. Nós temos um país para levar
para a frente; a gente não pode ficar parando ou tropeçando”.
O líder do PSL no Senado,
Major Olímpio, minimizou o fato de Bolsonaro não ter saído em defesa de Gustavo
Bebianno, mas reconheceu que declarações de interlocutores informais estão
conturbando o ambiente dentro do governo - numa referência a Carlos Bolsonaro,
filho do presidente.
“Isso está passando por um
processo de adequação, porque ele agora é o presidente da República, ele agora
tem porta-voz, ele agora tem ministros que são da sua confiança, tem uma
estrutura hierárquica do país; e aos poucos isso vai se adequar entre o seu
perfil da comunicação direta com as pessoas e a comunicação do presidente da
República”, opinou Olímpio.
O que dizem os citados:
O ministro do Turismo,
Marcelo Álvaro Antônio, disse que repudia, veementemente, todas as acusações e
que não tem qualquer vínculo pessoal com as candidatas citadas na denúncia.
Disse ainda que encara com tranquilidade eventuais investigações que, segundo
ele, vão provar que sempre agiu dentro da lei.
A assessoria do deputado
Luciano Bivar, presidente do PSL, declarou que as contas do partido foram aprovadas
sem ressalvas pelo Tribunal Superior Eleitoral e que não há nenhuma ilicitude.
Em Pernambuco, Maria de
Lourdes Paixão, acusada de ser candidata laranja do PSL, não compareceu ao
depoimento marcado pela Polícia Federal. A PF informou que ela seria ouvida
como colaboradora, já que não existe um inquérito sobre o caso.
Fonte: JN
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